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17 . 02 . 2016

Artigo: Oportunidades e desafios do Agronegócio

OPORTUNIDADES E DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO
Professor Universitário e Consultor Diogo Moreira

 

Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial. Nesta perspectiva o Brasil é referência e potencial para a solução do problema futuro, em relação à demanda de consumo de alimentos, que estima um desafio à produção global: necessitar dobrar até 2050 para atender toda a população mundial.

 

O mundo precisa comer e a estimativa é de que a produção de alimentos aumente ainda mais nos próximos 40 anos. Isso é o que apresenta o relatório de ‘Recursos Mundiais: Criando um futuro Sustentável para Alimentação’, publicado pelo Programa das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento, o Meio Ambiente, o Banco Mundial e o Instituto de Recursos Mundiais.

 

• O preocupante aumento dos custos de produção no Brasil
Apesar dos incríveis ganhos de eficiência e produtividade em muitos setores, do show na renda agrícola, que passou de R$ 257 bilhões em 2004 para provavelmente mais de R$ 487,3 bilhões em 2015, e projeção de 488,1 bilhões em 2016 e do salto nas exportações, que passaram de US$ 20 bilhões em 2000 para praticamente US$ 100 bilhões, nestes últimos anos, a agricultura brasileira passou por algumas transformações que merecem destaque, entre elas, o considerável aumento de custos de produção.


Segundo Adalberto Mansur, o custo do trabalho teve um aumento de 100% em dólar em 10 anos, além de novas exigências, dos custos ambientais e das operações logísticas. Vemos ainda a baixa capacidade de armazenagem da safra brasileira; a alta carga e a complexidade tributária; menor disponibilidade de capital, com elevação de juros e dificuldades de acesso ao crédito governamental.


Corrupção, inflação, a insegurança jurídica, invasões de áreas, estes fatos todos, que não são exclusivos à agricultura, comprometeram a geração de renda no Brasil, o que se observa com a recessão e o decréscimo da nossa economia e a redução da atividade industrial nos próximos anos. Este “andar de lado” da geração de renda comprometerá a distribuição de renda em 2016 e nos anos seguintes.

 

• O Brasil tem oportunidades imensas no curto, médio e longo prazo

Os direcionadores (drivers) de consumo são muito positivos para a agricultura, e podem ser resumidos nos seguintes:
– População chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050, portanto necessitamos produzir para mais 2 bilhões;
– Existe intensa urbanização, estimada em cerca de 90 milhões de pessoas por ano, que impacta no hábito de consumo (mais proteína demandando mais grãos) e nas quantidades demandadas de produtos;
– Crescimento econômico mundial, principalmente nos países emergentes, que são os grandes mercados futuros de alimentos, impactando diretamente em suas necessidades de importações;
– Distribuição de renda na sociedade impacta positivamente o consumo e esta vem acontecendo, aliada ao crescimento econômico;
– Grandes programas governamentais de distribuição de alimentos e de renda à parcela mais miserável das populações impactam fortemente o consumo;
– Crescimento do mercado de alimentação para animais, sejam os produtores de proteína, como de recreação (mercado pet), com taxas elevadíssimas em muitos países;
– Onda BIO: mesmo com o preço do petróleo em baixa, o que traz ameaças, volta a crescer no mundo a conscientização do biocombustível, desde o etanol, biodiesel, bioquerosene, biogasolina, bio-pneu, bio-plástico, bio-eletricidade, todos demandando produção agrícola. Todo país que assina uma meta de uso de biocombustível misturado ao combustível fóssil abre uma oportunidade ao Brasil.

 

Considerações Finais

O agronegócio apresenta índices econômicos favoráveis como o PIB, balança comercial superavitária e um forte ritmo nas exportações, além de sua importância socioeconômica vital para o desenvolvimento do Brasil, por meio dos milhões de empregos gerados, possibilitando a distribuição de renda e trabalho a todas as regiões do país.

Apesar de todos os esforços desenvolvidos até hoje, isso não torna o agronegócio imune à concorrência do mercado mundial, que tem exigido sempre maior competitividade. Neste sentido, é necessário superar os obstáculos e encarar os desafios de maneira mais efetiva.

 

Professor Universitário e Consultor Diogo Moreira

Coordenador dos Cursos de Agronegócio e Logística – Ulbra Carazinho
Consultor Executivo – Agrodex Consultoria Agro Empresarial
Analista de Prospecção de Cenários no Agronegócio
Especialista em Inteligência Empresarial
Especialista em Gestão do Agronegócio
Especialista em Gestão Empresarial