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29 . 11 . 2016

Artigo: PIB Agropecuário e logística de grãos

 

PIB AGROPECUÁRIO E LOGÍSTICA DE GRÃOS

 

Introdução

O Brasil destaca-se como um dos principais produtores e exportadores de soja, suco de laranja, fumo, açúcar, café, algodão, carne bovina entre outros. Produtos voltados para o mercado interno também têm importante peso na economia brasileira a exemplo do milho, feijão e arroz. A participação do Agronegócio no PIB brasileiro em 2015 ficou com um fechamento estimado na casa de 23% e a Balança Comercial do país vem fechando com superávit nos últimos anos, graças ao Agronegócio.

O futuro sendo ele de curto, médio e longo prazo na área de Logística, assim como em outros segmentos, só atingirá bons resultados, através de bom planejamento, muita estratégia e ação, com permanente verificação de resultados e desafios a serem geridos. Esta gestão inteligente demanda alto grau de investimento nas pessoas, em seu capital intelectual, de forma que o conhecimento seja compartilhado, através de eficiente execução de processos. O nosso país está em grande expectativa em relação a melhorias de infraestrutura.

 

A situação das estruturas dos portos, rodovias, ferrovias e hidrovias para recebimento e escoamento de grãos no país e no Estado do RS

Os modais disponíveis no Brasil, considerando sua capacidade, não atendem a demanda de crescimento exponencial da produtividade, que embarcada com alta tecnologia na pesquisa e na produção, década a década o principal sistema de escoamento continua o mesmo, a maior parte dos produtos percorrem via rodovias até o porto. Nas ferrovias existe um dilema de concessão que está na mão da ALL – América Latina Logística Malha Sul S.A, que no pico da safra os custos de fretes atingem valores recordes, priorizando o transporte dos contratos da empresa, e as linhas disponíveis são insuficientes. No modal de hidrovia, vamos utilizar como exemplo o transporte do açúcar que atingiu uma redução de 10% no custo do frete, visto que, nem todas as regiões, tem esta disponibilidade e acesso via hidrovias.

Na matriz brasileira de transporte, o modal rodoviário responde por 62,7% da movimentação de cargas no país, diante de 27,7% nos EUA, segundo estimativa do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS). As ferrovias transportam 21,7% das cargas, abaixo dos 41,5% alcançados nos EUA, e seus custos são 35% maiores no Brasil. No total, incluindo todos os modais, as cargas brasileiras pagam um frete quase 42% mais alto.

 

Investimentos e programas

            O governo federal está trabalhando para potencializar investimentos na área. Um dos focos em potencial é o Agronegócio, a produtividade vem crescendo de forma exponencial, assim como o problema de armazenagem de grãos e escoamento de safra também está se agravando. O governo em 2016 segue um pacote à nível de Brasil, da linha de crédito chamada PROGRAMA DE CONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DE ARMAZÉNS (PCA), com 15 anos de prazo a taxa de juros de 8,5% ao ano, objetivando a construção e ampliação de silos nas propriedades rurais, atendendo também cerealistas e cooperativas (com alguns diferenças na linha de crédito).

Para materialização deste objetivo, a comunidade deve estar inserida no processo, as pessoas, organizações, poder público, órgãos ambientais, universidades, profissionais liberais, gestores, empresários, financiadores e sindicatos, objetivando levar as informações até os produtores rurais que também pertencem à cadeia logística.

            O déficit de capacidade estática de armazenagem no Brasil, utilizando como referência a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) 1: 1,2 (produção x capacidade estática) significa que a cada 1 saco colhido tenha 20% a mais de espaço para armazenagem, ou seja, 1,2 sacos. Comparado aos Estados Unidos e Canadá 1: 2,5 (produção x capacidade estática), veja que o Brasil aponta 1: 0,85 um déficit de 29,17%, que em valores exponenciais estimando produtividades em crescimento, este indicador vai se agravando no logo do tempo.

Infelizmente esta questão reflete diretamente no produtor rural, que na época da colheita deixa de ganhar, em média, 20% dos valores da soja ou do milho cotados no período do plantio. A expectativa da construção de novos armazéns pode fazer com que o Brasil amplie de 10% para 30% a participação de propriedades rurais com estabelecimentos próprios para estocagem dos grãos. "Nos Estados Unidos, cerca de 65% dos produtores têm armazéns".

O investimento em ferrovias, projetados e definidos pelo Programa de Investimento em Logística (PIL), com previsão de instalação de 10 mil quilômetros de trilhos cortando o país de norte a sul e de leste a oeste, além da Ferrovia Norte Sul, deverá corrigir uma distorção histórica, mas com resultados no médio e longo prazo, espera a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).

 

A estrutura defasada interfere na exportação

A estrutura de escoamento da produção, incluindo armazéns, estradas, portos e ferrovias, mostra que tem dificuldade como nunca para transportar a produção de grãos últimos anos. Um cenário que custa caro para o setor produtivo e preocupa os importadores, que, no período, contam com a produção nacional para saciar seu apetite e não basta uma multa de descumprimento de contrato, o que se faz necessário é a disponibilidade do produto em data prevista.

 

Custo e impacto econômico para as lavouras, com o aumento dos custos de frete por conta do gargalo logístico.

Déficit de mais de 30 milhões de toneladas no espaço para armazenamento de grãos tem consequências danosas, em especial para produtores, que arcarão com prejuízos da safra comercializada bem mais cedo, e que não chega ao seu destino por falta de infraestrutura num país defasado.

No período da colheita milhares de caminhões de soja e milho vão sendo enviados aos portos, principalmente de Santos, o maior da América Latina, e o de Paranaguá, bem mais cedo que em outros anos, quando a safra alcançou volumes menores. Isso resulta em imensos congestionamentos, como os vistos no ano de 2012, 2013 e 2014, apontando que o ritmo da solução dos problemas de infraestrutura no Brasil é bem diferente da pressa dos que precisam enviar e dos que esperam pela produção, o volume de carga à espera nas estradas supera a capacidade logística dos portos.

Os prejuízos no transporte rodoviário, que chegou ao pico em 2013 ultrapassar os 200 milhões de dólares, dos custos diários das embarcações, que em média é de 20 a 25 mil dólares, para as empresas exportadoras e importadoras pela safra que não chega ao seu destino, considerando cancelamento de contratos, o que aumenta o custo dos produtos brasileiros e atrapalha a competitividade. Com a realidade do caos logístico, está perdendo o País, o produtor e a economia, que reflete perda de credibilidade brasileira perante o mercado internacional.

 

O meio mais adequado para o escoamento de grãos

            Utilizar todos os modais na perspectiva de viabilidade econômico-financeira norteados em sustentabilidade, não seria apenas um sonho, mas um cenário estimado. Dependemos da política de gestão pública, onde as decisões macro são tomadas, para busca da solução deste problema.

Logística em parte se define em processo planejado e bem executado, mas de pouco adianta o operador portuário dispor de um sistema de excelência no agendamento da movimentação, se na prática as filas aumentam nas duas pontas, caminhões com filas ultrapassando 30 Km e no cais do porto aproximadamente 100 embarcações aguardando a sua vez.

O país necessita urgentemente minimizar a burocracia, para que os programas como o PIL (ferrovia norte-sul) e PCA (armazenagem nas propriedades rurais), saiam imediatamente do papel, no momento andam a passos lentos.  O governo acha que é suficiente lançar a política de crédito disponibilizando o recurso financeiro necessário para os investimentos. Qualificação e capacitação dos profissionais envolvidos do setor público e privado são extremamente importantes e necessários, projetos devem ter preparação e planejamento.  

 

Professor Universitário e Consultor Diogo Moreira 

Coordenador dos Cursos de Agronegócio e Logística – Ulbra Carazinho
Consultor Executivo – Agrodex Consultoria Agro Empresarial
Analista de Prospecção de Cenários no Agronegócio
Especialista em Inteligência Empresarial
Especialista em Gestão do Agronegócio
Especialista em Gestão Empresarial