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MANTER O PATRIMÔNIO TAMBÉM SIGNIFICA GESTÃO E VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA
MANTER O PATRIMÔNIO TAMBÉM SIGNIFICA GESTÃO E VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA
“TOMADA DE DECISÃO DO GESTOR E SUCESSOR DA ATIVIDADE RURAL”
Com ênfase à planejamento de custos, negociações e viabilidade, no setor de produção Rural, algumas dicas para Gestão das Propriedades Rurais.
Agronegócio
Há alguns anos o agronegócio era conhecido simplesmente como agricultura de subsistência, pois, as propriedades rurais produziam apenas produtos primários. Houve ampliação no seu conceito, envolvendo as diversas etapas da agricultura, desde a soma de todas as operações da produção, distribuição de suprimentos agrícolas, atividades de produção na propriedade, o armazenamento, o processamento e a distribuição de produtos agrícolas ou deles derivados. (ZANIN; BAGATINI e PESSATO; 2009).
Portanto, esse conceito evoluiu, abrangendo toda a cadeia produtiva, desde a produção primária até o processamento final, agregando valor aos produtos. Junto com essa evolução, ocorre o aumento de produtividade, produzindo-se em grande escala. Com a crescente ampliação dos mercados, é preciso que os produtores rurais assumam sua função de empresários, atuando cada vez mais profissionalmente na gestão da agricultura sustentada e na cadeia do agronegócio.
Investimentos Rurais
Investimento é toda a alocação de capital em algum ativo que tem como objetivo principal a geração de lucro para o dono do investimento. (ASSAF NETO, 2006). Segundo Souza (2003, p. 68) “o investimento constitui a troca de algo certo (recursos econômicos) por algo incerto (fluxos de caixa a serem gerados pelo investimento no futuro)”.
Todo investimento de recursos financeiros pode e deve ser estudado mediante a utilização de métodos de análise de investimentos específicos, objetivando identificar a viabilidade, bem como, o prazo de retorno do mesmo, como uma ferramenta de gestão, com visão as fases e indicadores a seguir.
Na primeira fase, a de planejamento e verificação de haver necessidade do determinado investimento, sempre estimando um resultado positivo, se inicia a etapa da efetiva negociação dos produtos ou serviços, os quais irão impactar o regime de pagamento, e devem ser tratados de forma estratégica:
- Levantar o Valor à vista do produto/serviço: buscar sempre no mínimo 3 cotações regionais de diversas marcas, bem como buscar os valores de média nacional quando haver, objetivando poder de barganha através do mercado concorrente.
- Taxa de juros: avaliar com cautela a política de crédito vigente, buscando sempre a menor taxa possível, mas lembrando sempre que na análise de investimentos não se deve apenas analisar a taxa de juros, mesmo que atrativa, como tomada de decisão isolada, pois nos últimos anos, principalmente na área de máquinas equipamentos agrícolas, tivemos um aumento no valor nominal muito significativo, superando qualquer indexador como inflação e Selic.
- Prazos de Pagamento: no custeio é de curto prazo não havendo alternativa de negociação, já para bens duráveis de longo prazo, se recomenda o prazo máximo, havendo prazo de carência, na maioria dos casos pode ser estratégico, após devidas projeções.
- Possíveis reciprocidades “venda casada”: muita atenção, pois pela Lei, é proibida pelo inciso I do artigo 39 do Código de defesa do Consumidor (CDC).
- Hipoteca e alienação: O gestor e produtor devem sempre buscar a melhor alternativa, para oferecer ao financiador o menor volume possível aceito pelo agente financeiro, como patrimônio que irá segurar e garantir o risco do financiamento.
Nesta segunda fase, antes do fechamento do negócio, de forma a assinar o pedido, a demanda é a análise de viabilidade econômico-financeira, se utilizando das seguinte ferramentas:
- Payback descontado: evidencia o tempo necessário para recuperar o investimento inicial.
- Valor Presente Líquido: para Souza (2003, p. 74) corresponde “a diferença entre o valor presente das entradas líquidas de caixa associadas ao projeto e o investimento inicial necessário”.
- Taxa Interna de Retorno (TIR): representa a taxa de juros para a qual o valor presente das entradas de caixa resultantes do projeto iguala o valor presente dos desembolsos do mesmo, sendo uma medida bastante utilizada no orçamento de capital. Caracteriza, desta forma, a taxa de remuneração do capital investido.
Na terceira fase, com todos os indicadores avaliados e projetados, a negociação se apontada como viável, pode ser efetivada. Seguindo estes passos, a probabilidade de sucesso aumenta, gerando segurança, gestão e controle para as tomadas de decisões estratégicas.
Custos de produção
A metodologia empregada pela CONAB busca identificar corretamente os custos de produção no tempo, contemplando, pelo menos, duas situações distintas:
a) custo estimado, realizado de três a quatro meses antes do início das operações de preparo de solo, visa subsidiar as decisões de política agrícola para a safra a ser plantada, de modo a permitir a avaliação prévia do que plantar, que culturas estimular e qual o montante de recursos necessários para o financiamento da safra;
b) custo efetivo, calculado a partir dos preços praticados na época oportuna de utilização, determina o custo efetivamente incorrido pelo produtor e serve para controle, avaliação, estudos de rentabilidade e subsídios às futuras políticas para o setor.
Gestão Comercial de Produtos Agropecuários
A comercialização de produtos agropecuários é diferente de outros mercados, como comércio e indústria. Algumas dessas diferenças podem ser percebidas a partir das características do produto e da produção. Conforme Marques e Aguiar, as características principais dos produtos agrícolas:
(a) produzidos na forma bruta – necessitam ser transformados antes de ser vendidos ao consumidor final;
(b) são perecíveis – se não se dispõe de forma adequada de armazenagem, precisam ser comercializados rapidamente; e
(c) são volumosos – encarecendo o transporte e o armazenamento.
A produção apresenta as seguintes características:
(a) variabilidade da produção anual;
(b) sazonalidade;
(c) distribuição geográfica;
(d) atomização da produção;
(e) variação da qualidade do produto;
(f) dificuldade de ajustamento; e
(g) estruturas de mercado enfrentadas
A Sociedade Brasileira de Economia Administração e Sociologia Rural (SOBER), aponta, que com vistas a assegurar mercado e garantir o melhor preço para os produtos agrícolas, beneficiando os diversos setores da cadeia produtiva, são desenvolvidas estratégias e montadas estruturas complexas que, às vezes, envolvem órgãos internacionais. Nesse contexto, dentre outras, citam-se: associação de produtores, cooperativas, cerealistas, integração entre produtores e agroindústrias, bolsas de mercadorias, corretoras e sistemas de informações, os quais têm grande influência na comercialização.
Como meios de obter sucesso, lucratividade e aumento de renda pode-se dizer que o produtor precisa buscar informações de qualidade, estabelecer diferentes cenários, realizar vendas parceladas, ouvir vários agentes de mercado, elaborar planilhas de custo realmente completas da propriedade e escolher criteriosamente a melhor estratégia de comercialização da sua produção. Esse tipo de prática deveria receber cada vez mais orientação, treinamento e incentivo junto aos produtores rurais.
Afinal, sabe-se que a maior parte das perdas acumuladas pelo agricultor está na etapa da comercialização e os problemas sociais e econômicos decorrentes das práticas inadequadas são pagas pela sociedade a um custo que poderia ser minimizado.
Gestão e Sucessão – Como Fazer?
Os desafios são enormes, pois os indicadores de sucessão familiar na área Rural, são preocupantes, em vista que para o médio e longo prazos, não estão atendendo a demanda, e acompanhando os índices de crescimento da produtividade, tecnologia e as efetivas oportunidades. A urgência do tema é de curto prazo, as famílias devem tratar com prioridade a sucessão familiar, conduzindo de forma natural e profissional, gerando segurança para o negócio, minimizando o risco de não pertencer a estatística: Grande parte do Legado construído em uma geração se desfaz até a 3ª Geração. Assim aponta o ditado popular citado por IÇAMI TIBA "PAI RICO, FILHO NOBRE, NETO POBRE".
Gestão qualificada, é o ponto chave para o sucesso do negócio, e quando alinhado as experiências das gerações anteriores que estão conduzindo a sucessão do atual e futuro gestor, se apresenta uma necessidade de busca pelo conhecimento teórico de gestão, assessorias técnicas, administrativas e estratégicas, para avaliação, diagnóstico, planejamento, plano de ação, execução e análises de cenários, com objetivo de potencializar a tomada de decisão maximizando acertos. A sociedade precisa trabalhar em conjunto, e o produtor rural utilizar todos os envolvidos na cadeia produtiva para qualificar o processo, recorrendo as empresas parceiras, instituições, universidades através de cursos ligados a gestão e consultores ligados ao setor do Agronegócio.
Professor Universitário e Consultor Diogo Moreira
Coordenador dos Cursos de Agronegócio e Logística – Ulbra Carazinho
Consultor Executivo – Agrodex Consultoria Agro Empresarial
Analista de Prospecção de Cenários e Palestrante do Agronegócio
Especialista em Inteligência Empresarial
Especialista em Gestão do Agronegócio
Especialista em Gestão Empresarial