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05 . 06 . 2017

Artigo: Planejamento orçamentário e projeção comercial

PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E PROJEÇÃO COMERCIAL

“OS DESAFIOS DO FLUXO DE CAIXA NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS”

 

 

A grande estratégia entre consolidar resultados sustentáveis, transita em gestão de custos, derivados de orçamento planejado e ajustado ao decorrer da cadeia produtiva, com riscos mensurados e controlados, com a finalização no planejamento comercial da produção. Uma interessante alternativa é o investimento de unidade de armazenagem de grãos nas propriedades rurais, que apresentam ganhos médios efetivos líquidos de 42%, no soma entre a redução de custos e o ganho de valor comercial, ao realizar a comercialização de parte na entressafra, com isso permite, alinhar fluxo de caixa, maximizar renda e a tão sonhada retomada de potencial de crescimento.

 


Segundo Marion, J C; Segatti, S. Os fatores próprios do campo, como dependência do clima, perecibilidade dos produtos e ciclo biológico das culturas e criações, associados aos riscos de pragas e doenças, levam alguns empresários a deduzir que por se tratar de uma atividade diretamente ligada à natureza, qualquer tipo de planejamento se torna desnecessário. A falta de interesse de planejamento e, consequente controle das operações tanto na agricultura quanto na pecuária acabaram limitando a produção literária direcionada à administração rural, tornando-se difícil encontrar material de apoio tanto para produtores, estudantes e professores. O Brasil sempre foi citado como o possível “celeiro do mundo”, devido às vantagens como extensão territorial, diversidade de solos, inexistência de adversidades climáticas insuperáveis, disponibilidade de recursos hídricos, ser um dos maiores mercados do mundo, baixo custo de terras e disponibilidade de mão-de-obra.

 

Necessidade de Planejamento e Controle Econômico-Financeiro
O produtor rural está se transformando em empresário rural, um administrador profissional, que, além de se preocupar com a produção, busca a produtividade e a lucratividade. Seu objetivo é produzir mais com menos recursos e para isso necessita de informações para avaliar, controlar e decidir. As propriedades do futuro tendem a ser verticalizadas e integradas à agroindústria, havendo a transição da fazenda familiar para a empresa familiar. Todo planejamento, seja, estratégico, gerencial e operacional, deve ser bastante flexível para receber as adaptações de acordo com as influências dos fatores internos e externos da empresa rural.

O planejamento gerencial define as formas para a captação e alocação de recursos a serem aplicados na produção, bem como, a distribuição dos produtos. Para a elaboração dos planos gerenciais podem ser utilizadas planilhas orçamentárias, a programação linear e a relação benefício-custo.

 

Orçamento e Comparativo Orçamentário na Atividade Rural
A experiência mostra que a ferramenta “orçamento” é de fundamental importância para a atividade rural, embora muitos produtores acreditem que qualquer previsão que se faça seja inconsistente, devido aos fatores citados. As variáveis econômicas, políticas, tecnológicas, sociais e legais, entre outras, também exercem insegurança ao se prever receitas, investimentos, custos e despesas para o setor. O ambiente externo também deve ser levado em consideração em virtude da falta de uma política agrícola segura em nosso país.

O orçamento é elaborado em função do planejamento estratégico, com a definição das atividades a serem exploradas na(s) propriedade(s), mas é o planejamento gerencial que dará o suporte, quantificando e valorizando os gastos (custos e investimentos) e as receitas. O período abrangido no orçamento varia de 12 a 60 meses, dependendo da atividade.

A consistência ao orçamento deve advir do conhecimento do potencial dos recursos – terra, trabalho e capital – tanto em recursos próprios, de terceiros e de capacidade operacional. As planilhas orçamentárias devem ser montadas nos mesmos moldes do plano de contas de custos e contábil. O orçamento deve ser flexível como o planejamento, passível de revisão periódica, devido os riscos da atividade. As variações entre o real e o orçado, ao ser realizados comparativos orçamentários, permite que o empresário rural corrija em tempo hábil as distorções apresentadas, tornando o acompanhamento das atividades do negócio administrativamente mais seguro.

 

Gestão comercial da produção – Vender soja na safra ou armazenar?

Um dos maiores desafios da cadeia produtiva da soja é o de administrar a sazonalidade, característica predominante na maioria dos produtos agrícolas (OLIVEIRA, 2006). Essa sazonalidade exige que se estabeleçam estratégias de comercialização do produto que maximize o retorno, visando compensar os riscos e incertezas inerentes ao mercado agrícola (ARANTES; SOUZA, 1993).

O custo médio de armazenagem de grãos é de 7,1% do preço de venda do milho, por exemplo, vendido a R$ 21,00 a saca na safra. Se comparando o preço de venda da saca de soja na safra o custo de armazenagem em silo próprio representa pouco mais de 11% enquanto se armazenado em silo de terceiros este atinge quase 17% em relação ao preço de venda para determinado período.

Existem vantagens econômicas significativas entre vender a soja na colheita e na entressafra mesmo incluindo os custos de armazenagem tanto em silo próprio quanto em de terceiros. Existem diferenças expressivas de até 40% no custo de armazenagem entre os silos terceirizados indicativo de que o produtor rural deverá fazer uma boa pesquisa e análise para depois contratar os serviços.

Se o produtor usar a estratégia de armazenar a soja e vender na entressafra o mesmo obtém ganhos de até 55% armazenado em silo próprio, por outro lado sofre perda de 13% se for utilizar silo de terceiros.

A atual política pública de incentivos para a construção de armazéns próprios no país, que vem crescendo a cada ano, tem a linha de crédito ativa PCA (Programa de construção e Ampliação de Armazéns), via BNDES e agentes financeiros credenciados, com taxa de juros 8,5% a.a., prazo pagamento de até 15 anos e 100% financiado. Sendo uma unidade de armazenagem equalizada a média propriedade, chega a custar menos que o valor de uma colheitadeira, que hoje já ultrapassa a casa de 1 milhão de reais.

 

Professor Universitário e Consultor Diogo Moreira

Coordenador dos Cursos de Agronegócio e Logística – Ulbra Carazinho
Consultor Executivo – Agrodex Consultoria Agro Empresarial
Analista de Prospecção de Cenários e Palestrante do Agronegócio
Especialista em Inteligência Empresarial
Especialista em Gestão do Agronegócio
Especialista em Gestão Empresarial